Atuando, desde o início dos anos 70, em processos de consultoria para famílias empresárias nos temas de sucessão e continuidade, é possível verificar os impactos que as mesmas tem sentido ao longo do final do século XX e início do XXI.
A proposta deste artigo é listar algumas provocações em pelo menos três questões que estão se tornado mais intensas a cada novo dia.
Sem necessariamente representar uma ordem de importância, aqui estão elas:
– Aumento da Longevidade
– Surgimento de novos modelos de família;
– Crescente uso de recursos eletrônicos nos processos de comunicação interpessoal.
O aumento nos índices de longevidade, especialmente dos empreendedores/fundadores, vem provocando fortes dilemas e novos desafios para estas pessoas sobre o momento adequado para encaminhar sua sucessão na liderança do negócio que criaram.
Um fundador, que por volta dos 80 anos de idade, ainda demonstra capacidade e energia para sentir-se em condições de continuar à frente dos negócios, nem sempre percebe de que sua “criatura” – a empresa – está se tornando maior e mais complexa que o seu “criador”.
Por outro lado seus descendentes já estão num avançado período de idade adulta, e na busca de espaço para seus sonhos e aspirações de realização, tanto pessoal como profissional.
Claramente o fundador que não encontrar para esta etapa uma nova fonte de poder, realização e reconhecimento, corre o risco de ver sua obra destruída pela incapacidade de abrir espaço para seus herdeiros/sucessores.
Claramente esta é uma decisão de caráter muito íntimo e pessoal. Mas de vital importância para a continuidade da obra.
O segundo aspecto se refere às constantes e surpreendentes alterações nos modelos e estruturas de família.
E aqui não cabe discutir a concordância ou não com os mesmos.
Pesquisas tem demonstrado que a entidade família vem se alterando ao longo do tempo, e de forma cada vez mais rápida. Além de relações com vínculos bem menos formais e de duração mais breve.
Fica evidente que estas mudanças também impactam as famílias empresárias no encaminhamento dos seus processos sucessórios e de continuidade na sua relação com o vínculo patrimonial.
Ou seja, aquela em que o patrimônio os torna sócios, sem que tenham tido a liberdade de se escolherem.
Por último, e não menos importante, vale registrar o amplo acesso que todos nós temos hoje ao mundo virtual.
Ou seja, o elevado grau de exposição, disponível para todos os membros de uma família, representa maior dificuldade para manter e controlar a privacidade.
Tendo em vista que não é possível uma total separação entre a imagem pública e privada, especialmente para as famílias empresárias, já é bastante perceptível de que os conflitos familiares não se restringem ao ambiente familiar.
Nossas pesquisas no Brasil claramente indicam que 70% das empresas familiares que foram compradas ou desapareceram, tem como causa principal, conflitos familiares que vieram à público e não puderam ser adequadamente resolvidos.
Portanto, fica claro de que este é mais um tema que merece ser discutido. Além de também ser incluído como parte dos protocolos de conduta dos familiares. Tanto no que se refere às suas relações internas, como com o universo externo, e a empresa ou patrimônio.
Nossa recomendação é que estes temas sejam incluídos nas “pautas” dos diálogos das famílias. E de forma mais enfática, aquelas que acumularam algum patrimônio.
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