Estamos em época de muitos impactos em todas as nossas tradicionais instituições: rotinas, famílias, trabalho, consumo e formas de fazer as coisas, onde estávamos em zonas de conforto pois não precisávamos fazer nada e as coisas tinham sua inércia.Escreverei artigos semanalmente abordando esse tema de como podemos aproveitar o momento e nos reposicionar para que de fato essa situação seja convertida em OPORTUNIDADE.
Quem tem mais idade, já passou por várias crises de preço, de mercado, econômicas e políticas, deve lembrar de quão comum era tropeçarmos na imagem acima e quanto se ouvia consultorias falar disso.
Hoje o cenário é bem preocupante, de um lado. E se olharmos de outro com o advento da tecnologia estar próxima das nossas rotinas diárias e que já tem provocado sutilmente mudanças de hábito, temos que olhar agora como tudo isso pode de fato resultar em uma nova realidade nos nossos negócios.
CINCO PRIMEIROS PASSOS INICIAIS PARA ENFRENTAR A CRISE
1. UM PASSO PARA TRÁS E A PAUSA PARA RESPIRAR
Todo gestor, principalmente sócios proprietários das empresas familiares, menores e até maiores, acaba por ter o peso da solidão na tomada de decisão. Tomar uma decisão é algo arriscado, e em geral equipes acabam se isentando de tomar decisões, gerando a expectativa de que o empresário deve tomar todas as decisões. E por ser mais rápido, o empresário acaba tomando a frente e tomando a decisão. Assim os erros, quando ocorrem, a equipe acaba por culpá-lo e os acertos procuram comemorar em conjunto.
Um passo para trás e pausa. Afinal, é necessário entrar em equilíbrio, respirar, fotografar as conquistas passadas, as crises superadas, e pensar um pouco com mais frieza (tentar tirar o emocional que tem sido abalado com tantos impactos de “overdose” de notícias e de todo mundo ser dono da verdade além de estarem nas redes distribuindo seus medos, como se isso fosse resolver a situação de alguém ou alguma coisa). O exercício de olhar para as conquistas mostra que sim o empresário já se superou mais de uma vez, e respirar implica colocar a cabeça no presente da forma mais equilibrada possível, focar em si mesmo e na empresa e evitar distrações múltiplas. Se centrar é importante para dar início ao segundo passo.
2. ENTENDER A SITUAÇÃO DE DIVERSOS PONTOS DE VISTA
Hora de envolver as pessoas chave e de confiança, procurar que façam o passo 1 também, e começar a trabalhar as co-responsabilidades para sair da situação, provocando pontos de vista diferentes. Como líder, é importante perguntar a todos, nos âmbitos pessoal, empresarial e macroeconômico e talvez político o que entendem que deve ser priorizado; quais são as maiores perdas; que variáveis serão as que serão trabalhadas e quais serão priorizadas, tanto para o que se quer preservar, quanto para o que se pode abdicar; desenvolver um plano de ação de curto, médio e longo prazo. Discutir múltiplos cenários possíveis, sim múltiplos mesmo. O time deve criar essas rodadas de discussão com base na evolução e em intervalos de tempo que for estabelecido de comum acordo.
3. PIVOTAR AGORA SERÁ PARTE DO DIA A DIA
Pivotar no universo de start-up é algo que remete a mudar a direção de forma a ajustar a ideia inicial, uma vez que se provou não estar dando resultados. Assim, não há regra rigorosa que deva perdurar e sim flexibilização e pivotagens, pois são muitos elementos externos que impactarão as tomadas de decisão diárias. Bem vindos ao novo mundo das novas economias, onde pivotar faz parte do protocolo comum.
4. O CENTRO NERVOSO, UM APOIA O OUTRO
Não é fácil tomar decisão. E sim, temos todo o direito de ter medo. Temos que ter esse direito e entender que todos tem medo. Temos que suportar essas incertezas dentro do time de confiança, baixando a guarda e compartilhando nossas emoções com abertura para empatias mútuas, pois o apoio mútuo faz muita diferença.
Uma maneira de garantir que as pessoas certas sejam as que tomarão as decisões táticas, é estabelecer um centro nervoso. Deem um nome ao centro nervoso.
Deixar claro que uma decisão estratégica tomada em um ambiente de alto grau de incerteza, com uma grande probabilidade de mudança, é sim difícil de avaliar os resultados antes, acertar custos ou benefícios.
Tomadas de decisões táticas, de curto prazo, com visão de longo prazo (estratégia) e visão de futuro são desafios que estarão presentes por algum longo tempo.
As decisões táticas serão todas importantes – às vezes cruciais. Temos que ter times envolvidos no operacional. Eles precisam poder agir e manter os problemas em todos os ambientes nos mais baixos níveis possíveis (foco em o que é possível ser feito ou resolvido). Após ser resolvido um problema, é importante abrir para que novos sejam resolvidos. Afinal, por partes, se consegue concluir o todo.
Esse centro nervoso é o ponto crucial da rede de equipes multifuncionais, com mandatos claros, conectados por uma equipe que integrará e cuidará para que as tomadas de decisões ocorram de maneira rápida e cuidadosa, mas focada na construção de melhores soluções, dados os cenários múltiplos e mutantes, que estarão sendo postos todo dia no tabuleiro.
5. O CARÁTER E A ÉTICA SERÃO VARIÁVEIS DE ABSOLUTA RELEVÂNCIA NESSES MOMENTOS DIFÍCEIS
Líderes com o temperamento e o caráter certos são mandatários em tempos de incerteza. Eles permanecem curiosos e flexíveis, podem tomar decisões difíceis, mesmo que isso os torne impopulares. E sim, tudo isso visando melhorar as perspectivas, tendo em mente os melhores interesses da organização (não suas carreiras).
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