Em um país com mais de 22,7 milhões de empresas ativas em 2025, a relevância das boas práticas de governança corporativa nunca foi tão importante. E nesses 3 primeiros meses de 2025, 240.677 empresas já foram extintas – um número que nos convida a refletir: quantas dessas teriam sobrevivido com melhor estrutura de governança e orientação estratégica?
O retrato societário das empresas brasileiras
Segundo dados atualizados do Gov.br, o Brasil tem a seguinte distribuição dos principais tipos societários:
66% (14.762.966) são Empresários Individuais ou Microempreendedores Individuais (MEIs);
33% (7.352.186) são Sociedades Limitadas (LTDA);
Apenas 0,66% (148.370) são Sociedades Anônimas (S.A.) de capital fechado.
Essa distribuição evidencia que nem todas as empresas utilizam o formato societário mais eficaz para suas operações. Muitas ainda confundem a estrutura pessoal com a empresarial, optando pelo MEI ou pelo Empresário Individual, o que pode comprometer a eficiência financeira, a proteção patrimonial e a transparência fiscal.
Independentemente do porte ou formato societário, os desafios mais comuns às empresas brasileiras são bastante similares:
- Falta de clareza estratégica;
- Conflitos societários e familiares;
- Dificuldades de sucessão;
- Insegurança em relação à governança e compliance;
- Necessidade de gestão emocional em tempos de crise;
- Perda de oportunidades por ausência de visão de longo prazo.
A obrigatoriedade e a oportunidade dos conselhos
Hoje, apenas cerca de 400 empresas listadas na B3 são legalmente obrigadas a manter um Conselho de Administração, conforme previsto no artigo 138, §2º, da Lei das S/A. No entanto, se considerarmos que 34% das empresas brasileiras são limitadas ou S.A. fechadas, a adoção de Conselhos Consultivos torna-se uma poderosa oportunidade – ainda que não obrigatória.
Ao instituir um Conselho Consultivo, um dos primeiros temas estratégicos que deve ser discutido é: o tipo societário da empresa está adequado aos seus objetivos atuais? Além disso, o conselho pode contribuir na análise de controles internos, políticas de governança, riscos e oportunidades futuras.
Dessa forma, mesmo as empresas que ainda não estão obrigadas a manter um Conselho de Administração poderiam se beneficiar de práticas mais maduras de governança, estruturando seus processos de decisão e mitigando riscos estratégicos, operacionais e até sucessórios.
O que é um Conselho Consultivo e para que serve?
O Conselho Consultivo é um órgão estratégico, não deliberativo, composto por pessoas experientes que aconselham, provocam reflexões e compartilham conhecimento com os sócios ou gestores da empresa.
É ideal para empresas que ainda não estão prontas – ou legalmente obrigadas – a estruturar um conselho de administração, mas que desejam trazer governança, inteligência, diversidade de ideias e visão estratégica para o negócio. Isso porque a presença de um Conselho Consultivo pode proporcionar inúmeros benefícios, como:
- Suporte estratégico e imparcial;
- Redução da dependência de decisões individuais;
- Fortalecimento da imagem institucional;
- Maior transparência e accountability;
- Facilitação do processo sucessório;
- Estímulo à inovação e crescimento sustentável.
Mas se o Conselho Consultivo apenas recomenda, quem toma a decisão final? A resposta é simples: os sócios ou administradores executivos. O papel do conselho é sugerir caminhos, alertar para riscos e expandir a visão – mas a caneta final permanece com os sócios e gestores da empresa.
Conselho Consultivo x Conselho de Administração
Estas são as principais diferenças entre o Conselho Consultivo e o Conselho de Administração:

Um chamado à ação
O Conselho Consultivo não é uma moda, é uma ferramenta transformadora, capaz de preparar empresas para crescimento saudável, longevidade e sustentabilidade organizacional. Para muitos negócios familiares e empresas limitadas do Brasil é o passo ideal para fortalecer a governança e preservar o legado.
“Nenhum de nós é tão inteligente quanto todos nós juntos.” – Ken Blanchard
Por isso, vamos pensar juntos. O futuro da sua empresa pode – e deve – ser construído por muitas mentes brilhantes
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