A Kongō Gumi, foi uma empresa de construção japonesa, fundada em 578 D.C. por um imigrante coreano chamado Shigemitsu Kongō, que era hábil na arte e na ciência da construção de templos budistas e outros monumentos religiosos.
O príncipe Shōtoku contratou Kongō para construir o primeiro templo budista do Japão, o Shitennō-ji, não muito longe de Osaka. Ao longo de 14 séculos, Kongō e seus descendentes construíram muitos dos maiores edifícios do Japão.
A história de Kongō Gumi nos traz vários ensinamentos sobre longevidade:
1) Setor estável e essencial: Em primeiro lugar, a longevidade é mais fácil se a empresa familiar operar em um setor estável ou essencial para as necessidades da sociedade.
2) Modelo de sucessão replicável: As empresas familiares de longa vida têm modelos de sucessão que são replicados geração após geração. Historicamente, isso foi baseado na primogenitura no Japão, mas outros modelos podem ser praticados.
3) Criação de valor para a próxima geração: As empresas familiares de longa data nunca consideram a sobrevivência como algo garantido, pois cada geração deve criar valor e lutar para entregar o negócio à próxima geração.
4) Relevância e autoridade no mercado: A maioria dos líderes que são incapazes de entregar suas empresas familiares para a próxima geração são os mesmos incapazes de manterem relevância e autoridade no mercado. Escolha líderes capacitados para isso.
A experiência de Kongō Gumi com longevidade, porém, não é única. Muitas das empresas mais antigas do mundo compartilham experiências familiares e empresariais semelhantes. Destas experiências, identificamos seis elementos-chave de Governança para a longevidade:
1) Estratégias de negócios: o pensamento ágil mas de longo prazo cria resiliência em face da competição global e uma economia em rápida mudança.
As empresas familiares de longa vida são frequentemente encontradas em setores estáveis, mas também demonstram uma capacidade fantástica de adaptar as estratégias de negócios existentes às novas circunstâncias. Além disso, as estratégias de negócios alimentam os ativos intangíveis da família, como o legado e a história, bem como as redes de negócios que foram desenvolvidas ao longo de gerações.
2) Transições: processos que preparam e envolvem a próxima geração.
As empresas familiares longevas sabem como transferir o negócio de uma geração para a outra. Historicamente, essas empresas familiares estabeleceram regras e procedimentos para administrar a sucessão familiar interna e orientar suas estratégias de sucessão com fluidez e transparência.
3) Previsão e redução de conflitos: as estruturas jurídicas e de governança corporativa oferecem vantagens para criar valor para a empresa e minimizar o potencial de conflitos familiares.
Se projetado corretamente, o modelo de governança alinha a visão e a estratégia da empresa com o desempenho das partes interessadas na empresa e na família. A governança sólida impedirá que os gestores se envolvam em disputas internas entre membros da família.
4) Governança Corporativa e Liderança: Identificando os líderes e construindo as melhores estruturas de apoio em torno deles.
A cada geração que passa, as empresas familiares longevas esperam produzir pelo menos um líder de família visionário para liderar a empresa e a família. Em torno desses valiosos líderes familiares, as empresas familiares constroem estruturas de governança para fornecer incentivos e aproveitar as sinergias. Uma estrutura principal é um conselho profissional com especialistas líderes do setor e uma maioria de membros não familiares.
5) Inovação e Empreendedorismo: Construir estruturas e fornecer incentivos para lidar com a digitalização e revoluções industriais futuras.
Tecnologias, economias e sociedades estão mudando em um ritmo cada vez maior. As empresas familiares longevas não estão imunes a essas mudanças e entendem perfeitamente a importância da inovação. Eles mantêm vivo o espírito de empreendedorismo que herdaram de seus fundadores dando autonomia e um ambiente seguro para que esses líderes possam inovar sem medo de uma demissão.
6) Governança Familiar: Estruturas e processos para manter a família unida e engajada.
As empresas familiares desenvolveram estruturas e mecanismos de governança familiar inovadores para garantir que a família possa tomar decisões críticas e resolver conflitos, preservando seus ativos e cultura familiares.
Todo legado tem um fim?
Em janeiro de 2006, Kongō Gumi entrou em liquidação por conta de transição de cultura mal executada e decisões de negócios insatisfatórias.
A empresa familiar de longa data foi assumida por outra empresa de construção japonesa familiar, muito mais jovem, a Takamatsu Construction Group Um artigo recente do The New York Times também sugeriu que uma das causas dos problemas financeiros tenha sido um significativo declínio da prática budista no país asiático.
Apesar da liquidação, é possível afirmar que a Kongõ Gumi ainda sobrevive sendo subsidiária da importante construtora japonesa Takamatsu Construction Group, dando continuidade a um legado de mais de 40 gerações e que ainda muito ensina em termos de boas práticas de governança corporativa.
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Um comentário
Artigo interessasnte, bem pontuado o que permitiria a longevidade de legados de família.