João, depois de trabalhar por 28 anos na mesma empresa de cerâmica, retirou seu FGTS e investiu em sua própria empresa. João, a partir daquele dia, era um empreendedor! O melhor e mais respeitado ceramista que houvera trabalhado na fábrica da região e líder de mercado, decidira, como seus colegas de turno diziam: não mais “enricar o patrão”, mas alçar o invejado voo da liberdade.
Conhecedor de todos os processos produtivos, João era capaz de ouvir a distância qualquer alteração de rotação das máquinas e enxergar a olho nu fissuras quase microscópicas.
Com tamanha expertise, tornar-se um empreendedor de sucesso e próspero seria, apenas uma questão de atitude e tempo. João estava confiante e empolgado com a ideia.
Convidou para ser seu sócio alguém que pudesse confiar as finanças e a administração. Pensou: “Nada melhor do que um filho para confiar no empreendimento da família.” e assim Joãozinho, seu filho de mesmo nome, era seu sócio.
Pausa para um fato mercadológico em Negócios Familiares
Segundo levantamentos internacionais, como também aponta John Davis, um dos maiores estudiosos de Negócios Familiares, mais de 80% das empresas no mundo são formadas ou administradas por famílias e que destas, lamentavelmente, menos de 10% sobrevivem à terceira geração.
Hora de retomar a história da Cerâmica JJotinha
Voltemos ao caso. João e seu filho Joãozinho, que num jantar animado com demais membros da família, botaram em votação o nome da empresa, que certamente teve um apelo muito mais emocional que racional.
Gostaria de dar boas notícias mas a Cerâmica JJotinha mal sobreviveu ao primeiro ano e se tornou um episódio horrível para pai e filho. Esse, infelizmente, é o destino de muitas empresas no Brasil.
Mas, seguindo os passos da história, qual capítulo de fundamental importância deste case não foi escrito? O do Planejamento.
Planejar deve ser o primeiro ato de qualquer ação.
Planejamento, que pode ser definido como “a elaboração de um plano para otimizar o alcance de um determinado objetivo” que, por sua vez, pode envolver muitas áreas distintas.
O planejamento é tão cruel e tão amigo que pode ser considerado um processo de reprovação e demonstração da seriedade que é empreender, pois até mesmo para sua criação são necessárias duas características empreendedoras: a determinação e a disciplina, fundamentais para o sucesso e longevidade de uma empresa.
Não podemos ter medo ou ignorar o planejamento pois ele é quem vai, ao menos quando bem elaborado, mostrar a viabilidade e os riscos do negócio, bem como ser o norteador de cada etapa e área, como comercial, logística, contábil, suprimentos, recursos humanos e por aí vai.
João, Joãozinho e Cerâmica JJotinha são personagens fictícios mas poderiam facilmente serem reais como tantas outras histórias de empreendedorismo em Negócio Familiar no Brasil.
Portanto, fazendo uso de uma frase atribuída a um treinador de futebol campeão do mundo: “quem não sabe porque vence, nunca saberá porque perde”.
Forte abraço e bom planejamento,
Maurício Seriacopi
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Um comentário
Excelente reflexão! Planejamento é o fator chave para negócios de sucesso, principalmente os familiares.