Sabemos a importância da implantação da governança em pequenas e médias empresas mas sempre nos deparamos com dificuldades na aceitação por parte dos sócios. Existe a impressão de que a governança é um processo complicado e caro, exigindo criação de conselho de administração e outros órgãos de suporte. Na realidade, a implantação da governança pode se dar gradativamente, acompanhando a maturidade da empresa, à medida em que os sócios e gestores compreendam sua importância para o crescimento do negócio em bases seguras e confiáveis e se tornem veículos da disseminação da cultura de governança.
Mas como fazer?
O 1º passo é criar normas de delegação, garantindo que os processos de compras, vendas, recursos humanos sejam bem estruturados, permitindo que os sócios delimitem o “poder e a autonomia” de cada gestor, estabelecendo limites de gastos por natureza, descontos em vendas, aumentos salarias, dentre outros. A definição da estrutura da empresa, com descrição de cargos e funções ajudará tanto no fluxo de informações como na avaliação dos resultados de cada um e de seus respectivos setores.
É importante ter um sistema informatizado, de preferência integrado, que dê segurança quanto à confiabilidade das informações. Hoje existem sistemas menores, bastante seguros e eficazes. Como decorrência, a empresa terá relatórios confiáveis, tanto para a contabilidade e tributário como para os gestores, permitindo o acompanhamento do negócio, das metas de cada setor e dos objetivos, com agilidade e segurança. Relatórios adequados ao tipo de negócio são um diferencial, permitindo avaliar a performance específica de cada setor ou produto e, se possível, até se comparar com a concorrência. Um bom planejamento estratégico poderá ser implantado e acompanhado de forma clara e segura.
Com bons relatórios e transparência no fluxo de informações, a empresa melhora sua avaliação de crédito e de risco perante o mercado, podendo obter condições de financiamento mais vantajosas. Com ferramentas sólidas e uma boa estrutura de gestão, teremos base para se implantar no futuro programas de compliance e de responsabilidade social.
Em paralelo, deve-se conscientizar a família de seu papel na empresa, separando a gestão da propriedade. É comum a criação de um Conselho de Família, composto por membros ativos ou não na empresa. Desta forma, os assuntos familiares ficarão restritos a este fórum.
A profissionalização da gestão, com a troca de membros da família por profissionais de mercado é desejada mas não é obrigatória. O importante é que o executivo seja bem preparado e seja aceito pelos demais membros da família como uma liderança capaz de conduzir a empresa ao futuro. Pode também ser feita uma transição, através da definição de um plano de sucessão, onde são descritos os atributos desejados nos principais cargos, trazendo conforto ao sócio/fundador para que se afaste quando julgar ser o momento certo.
Com a evolução da implantação da governança,
pode se pensar na criação de um conselho de administração ou consultivo, que na
maior parte das vezes será comandado pelo sócio fundador, quando este se afasta
da gestão. Sua participação neste momento é importante, pois detém o
conhecimento da operação, da cultura, dos valores e princípios que serviram de
base para a evolução da empresa.
Em resumo falamos sobre todos os princípios que
regem a Governança Corporativa, que em termos práticos reflete uma melhor
gestão, mais transparência nas relações e melhores resultados!