Demorei um pouco para absorver a proposta em ir para o Oriente Médio, Ásia, (fora a China) para participar de jornada técnica com o objetivo de aperfeiçoamento e para tomar conhecimento do que se desenvolve por lá hoje em dia. Eis que então fomos para Israel.
Confesso que tive muitas surpresas positivas com mais essa experiência (Jornada Técnica IBGC 2019), na qual pudemos constatar diversas evoluções no que vem acontecendo naquele país, não de hoje, e sim há muito tempo, seja no campo das invenções e inovações tecnológicas, seja na gestão das empresas, maioria familiares, atuando nos mais diversos setores, formando um ecossistema propício para o desenvolvimento do país. É difícil determinar quando esse fenômeno mundial começou e que muito vai ainda nos surpreender nas décadas vindouras.
Muitos de nós sabemos, claro, do conteúdo e tradição religiosa daquele pequeno país (atual 400 por 100Km) e das disputas seculares que travam por lá. Talvez por isso, mas não tão somente, se constata um povo aguerrido e a procura incessante por tecnologias que visam melhorar as suas condições e consequentemente as do mundo que vivemos.
A Netafim, – empresa presente no Brasil – por exemplo, criou o sistema de irrigação que, em condições adversas, como no deserto, permite cultivar a terra e produzir os mais diversos tipos de produtos agropecuários com alta qualidade. Tecnologia desenvolvida em um dos mais de 200 Kibbutz lá existentes (assemelhado às nossas Cooperativas – baseada na propriedade e na repartição coletiva dos rendimentos), onde vivem poucas famílias, tecnologia esta que está disponível para todo o mundo e que recentemente fez uma operação de cessão por aproximadamente 15 bilhões de U$, um valor agregado incrível da invenção.
As constatações foram muitas, envolvem um estudo maior e muito mais apurado, porém podemos destacar que a cultura, a necessidade do país e sua localização geopolítica e as condições históricas são o ambiente propício para o vertiginoso crescimento econômico-financeiro.
O conceito real do envolvimento do Stakeolders relations, e a sua importância dentro deste ecossistema torna efetivo, produtivo e sem nenhum rebuscamento, facilita o desenvolvimento e a realização dos negócios. Todos os interessados: Investidores, funcionários, clientes, fornecedores e órgãos públicos, influenciam diretamente na atividade de forma efetiva, independentemente de serem acionista ou não.
Sim, a integração entre escola – governo e empresa é uma realidade em Israel. Com certeza, esse fator é um dos pilares mais importantes para se atingir os KPI (Key Performance Indicator) por lá, e que são defendidos onde quer que você vá. Não existe falácia quanto a isso e sim a prática incansável da melhoria e da procura dos melhores talentos, seja interno, seja externo. Inúmeros são os cientistas que estão a pesquisar novos métodos seja para a gestão, seja para o desenvolvimento de novos produtos e negócios em todas as áreas do conhecimento, visando sempre um negócio viável. A quantidade de prêmios Nobel (total de 5), igualam ou superam a de muitos países concorrentes na Europa e Américas.
Esse fator faz com que as famílias empresárias e empresas, mantenham um celeiro contínuo onde se busca o melhor para seus negócios, seja na área de recursos humanos, seja para a sua atividade fim. Há um enfoque forte na nova ordem e forma de trabalhar das organizações, colocando as pessoas como o centro de tudo. Cada vez mais profissionais que entendem ou procuram entender de gente, estão ocupando posições de liderança nas empresas.
Mencionei uma empresa na área de agricultura, porém, constata-se também que Israel está hoje entre os principais países de desenvolvimento em Startup em estágios avançados (segunda posição com mais de 7 mil hoje) – nas mais diversas atividades –, sua bolsa de valores é dinâmica (Tel Aviv – TASE) com o fomento e acesso de capital farto e justo e sistemas de governança azeitados, onde tudo se encaminha de forma muito natural.
A base da competitividade da economia israelense é a inovação. Os veículos autônomos e os diversos aplicativos que facilitam a vida no mundo inteiro, seja na indústria, comércio e serviços, estão em pleno desenvolvimento por lá. Muitos estão em nossos aplicativos de celular por exemplo.
Finalmente, temos um pais como Israel se caracterizando por uma alta concentração de grandes grupos familiares, inclusive no mercado de capitais, alguns dados relevantes:
• 75% das cias listadas são controladas por famílias ou por interesses individuais
• 20 grupos empresariais (quase todos familiares) controlam 60 companhias abertas, representando 40% do mercado de capitais
• Das vinte maiores empresas em Israel, sete são empresas familiares
• Cerca de 80% dos empreendedores tem curso superior e de mestrado
Assim, a minha impressão e a unanimidade do grupo da jornada é a de que para preservar nosso legado e família empresária, reiteramos que nunca é demais saber o que se está se passando por lá e em outros continentes. Fomos deveras muito positivamente surpreendidos por esse país que merece ser conhecido por todos que têm interesse na evolução de seus negócios.
Abraço a todos esperamos que no futuro possamos conhecer outros ecossistemas, que venham ajudar a contribuir com os negócios em geral, tal como a China que se apresenta também como um centro inovador por excelência.
Até breve,
Elson Wander Leal
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Um comentário
Elson, excelente relato. Eu sou fã dos israelenses. Participei do grupo de estudos do IBGC que elaborou o material prévio para vocês jornadeiros. Não pude ir. Mas fiquei contente ao ler a sua percepção sobre o país e sobre as empresas familiares. Obrigada por compartihar conosco algo tão único e enriquecedor.