Os Sucessores – Parte III

A hora de passar o bastão!

Tradicionalmente o regime em empresas familiares de capital fechado é de marcante Presidencialismo!  Nada essencialmente inadequado com isto. Basta observar que a maioria absoluta de empresas no Brasil é de natureza familiar e boa parte delas prospera.

Em artigo anterior escrevi sobre os cuidados a serem observados para preparar os candidatos às cadeiras de comando para a hora da sucessão. A pergunta crucial agora e que vale um milhão:

QUANDO CHEGA A HORA DE PASSAR O BASTÃO?

Seja quando for, este momento quase sempre parecerá ter chegado cedo demais.

Anos, às vezes décadas passadas no comando dos negócios se tornam segunda natureza para grande parte dos ocupantes do posto. Como imaginar que a partir de determinado instante sua vida poderá ser totalmente diferente? Liderar pessoas, administrar conflitos, lidar com o agitado dia-a-dia, fazer mais com menos, tomar decisões, avaliar riscos, ser a figura central ao redor da qual gravita o planeta corporativo, ter a última palavra. Como viver longe disto tudo?

O poder tem o seu preço…, mas também tem o seu fascínio!

Para intensificar esta situação ainda mais, vemos os sucessores, cada vez mais jovens, preparados para assumir responsabilidades maiores pressionando a geração que se encontra no poder para ceder o seu lugar.

Na minha longa vivência avaliando executivos e aconselhando empresas e empresários, noto que muito poucos se preparam emocional e psicologicamente para o momento de deixar o comando. Certo número, que conseguiu implantar ou conviver com boa governança, frequentemente passa a ocupar assento no Conselho de Administração. Alguns passam a participar também de outros Conselhos. Há tempo que os Conselhos não são mais mera aposentadoria premiada ou um simbólico rosário de nomes famosos.

Mesmo assim, para aqueles que não encontraram outras formas de ocupação intensa, ou uma atividade totalmente nova que os ocupe e encante, ser um Conselheiro – ou mesmo Presidente do Conselho – pode ser pouco.

Alguns descobrem a família, os netos, os prazeres dos encontros com amigos, as viagens tantas vezes postergadas ou mal aproveitadas. Ajuda a diminuir o déficit emocional gerado pelasausências tantas vezes sentidas. Isto é bom por um tempo, mas de novo, na minha percepção, não preenche a necessidade íntima e profunda destes capitães de pensar, de criar, de estar à frente, de serem ouvidos, de sentir a gratificação de ter feito a diferença no final de um dia exaustivo. 

Haverá aqueles que simplesmente se negam a deixar o seu lugar. Que insistem em se manter no cargo a qualquer custo, desprezando competência alheia, o fator idade, acordos anteriormente assumidos, os interesses maiores do negócio. Nestes casos, o custo nunca será desprezível.

Haverá ainda aquela minoria que deixa o comando, mas não se desliga mentalmente. Continua a observar – mesmo que de longe – e a criticar, intima ou publicamente, as ações e as decisões daqueles a quem cabe agora dirigir os negócios. Não percebem que tal postura só pode gerar atritos, perdas e sofrimento para o próprio observador.

E é claro, haverá também aqueles que se prepararam, aqueles para quem o afastamento será apenas o primeiro dia de uma vida nova, que perceberão que a sua experiência de trabalho e de vida constituem fonte valiosa para os que ainda não chegaram lá. Estes certamente se dedicarão, com o mesmo afinco de sempre, à consultoria, a entidades educativas, sociais, artísticas, filantrópicas ou até mesmo políticas, contribuindo com sua sabedoria para um país melhor.

 É sempre bom lembrar que os únicos que ganham com conflitos familiares são os advogados!

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