A Evolução dos Family Offices e os Novos Tycoons

Breve histórico:

Os termos Tycoon e Mogul eram frequentemente aplicados aos magnatas norte-americanos do final do século 19 e início do século 20 em indústrias extrativas, como mineração, extração madeireira e petróleo, fabricação de automóveis e no setor bancário.

À medida que as fortunas destes indivíduos com alto patrimônio cresceram, as estruturas de gestão e escritórios de família – os family offices – aumentaram proporcionalmente. A família Rockefeller foi a pioneira em escritórios familiares no final do século XIX.

Conceitos:

Um family office é uma empresa privada que lida com a gestão de investimentos e patrimônios para uma família com elevado patrimônio, geralmente com mais de 100 milhões de dólares em ativos para investir, com o objetivo de crescer e transferir riqueza de forma eficaz através das gerações. O capital social da empresa é o patrimônio da própria família.

Escritórios familiares também podem lidar com tarefas como governança familiar, gerenciamento de pessoal, providências de concierge para viagens, administração de propriedades, atividades de contabilidade e folha de pagamento, gestão de assuntos jurídicos, educação financeira e de investidores, coordenação de filantropia e fundações privadas e planejamento de sucessão.

Algumas empresas que atendem a várias famílias ou membros de uma família oferecem até serviços de psicologia, com profissionais habilitados para tal, a fim de oferecer suporte a um melhor alinhamento e comunicação entre os membros da família.

Um family office opera como sociedade de responsabilidade limitada, com executivos e uma equipe de apoio. Os gestores são remunerados, geralmente com incentivos baseados nos lucros gerados pelo escritório ou por uma taxa de administração calculada em relação à quantidade de ativos sob gestão.

Alguns Family offices têm autorização para operarem como gestores de carteira de investimentos, enquanto outros simplesmente terceirizam este serviço para gestores habilitados. Nos Estados Unidos, sob a lei “Dodd–Frank Wall Street Reform and Consumer Protection Act”, um esforço liderado pela Private Investor Coalition, convenceu o Congresso a isentar os Family offices das regras do “Investment Advisers Act de 1940”, permitindo que gestores não habilitados pela Securities and Exchange Comission (SEC), pudessem administrar Single Family Offices, além de outras exceções como a “Private fund adviser exemption”.

Novas estruturas, para os novos Family members:

“Redefinindo Family Office”: A explosão de novas fortunas na Indústria 4.0 e do novo perfil de milionários, ligados às indústrias de tecnologia, startups e Crypto moedas, obrigam as antigas estruturas de gestão de ativos familiares a se adaptarem à mentalidade das novas gerações.

Os Virtual Family Offices (VFO), por exemplo, além do aconselhamento livre de conflitos de interesses, têm a vantagem da experiência do atendimento virtual, rápido, sem limitações geográficas, porém, humanizado. Apesar da falta de interesse dos novos milionários em serviços burocráticos e de alto contato humano, a gestão de patrimônio familiar é um assunto mais sensível e que não se conecta totalmente a um serviço robotizado.

Outras estruturas de Multi-Family Offices, que assessoram diversos indivíduos de famílias distintas, deparam-se com outras necessidades dos Family members, em especial por serem milionários de novas gerações (geração Y, millenials, geração Z).

Os gestores e executivos dos Family offices modernos aprofundam-se agora em temas de investimentos não regulados e descentralizados, movimentos políticos e sociais anti-establishment, Ciberpolítica e polarizações, falta de credibilidade da mídia tradicional e curadoria de novas mídias, dentre outros.

Os desafios diários dos novos “moguls”, são muito mais ligados à aspectos filantrópicos, aspectos psicológicos, aspectos de privacidade e de ligação espiritual do que em quais ativos eles vão alocar seu patrimônio. A imensidão de informações e dados gratuitamente disponíveis, geram uma necessidade de curadoria em primeiro plano e uma necessidade muito maior de identificação de propósito em um plano mais elevado, para um melhor direcionamento das expectativas dos novos magnatas.

Assim, os Family offices atuais, têm se adequado com uma estrutura não só multidisciplinar, mas também multicultural e multigeracional para serem capazes de perpetuar um legado não simplesmente financeiro, mas também um legado filantrópico, sagrado e cultural das novas gerações.

Rafael Albuquerque é especialista em governança corporativa, Head de Operações e Compliance da UMANA Family Office e UMANA House of Funds.

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